Comecei hoje o dia com intenção de meditar, algo que não acontece com frequência, por isso aproveitei a vontade e preparei-me para o momento. Velas, incenso, silêncio, manter o corpo quente e confortável.
Vêm as orações de que me recordo de que sou Luz, Amor, Compaixão, Sabedoria e Paz. E começo a correr o rosário, até que vem aquela ideia de acrescentar tudo aquilo mais que também sou e a verdade é que me custa bastante a assumir, de todo o cardápio que está escrito no verso da folha.
Assim vem que sou Luz e Sombra (pauso), sim é verdade, há coisas em mim que rejeito – cada vez menos veemente, mas que continuo a rejeitar.
De seguida vem que sou Amor e Frieza, sim é verdade, há coisas/situações/pessoas por quem sinto repulsa. Já passei por momentos em que senti ódio, em que a pessoa à minha frente só queria amor e o que sentia naquele momento era desinteresse. E nem sempre são pessoas tão distantes como isso. Isto custou-me, enquanto me revia nestas situações.
A compaixão é a seguinte, sou Compaixão e Arrogância, e sim isto também é verdade. Consigo ver momentos na minha vida em que fui compassiva, e em que o sou e outras situações em que fui e continuo a ser arrogante. E novamente, assumo comigo mesma, que nem sempre o sou com pessoas tão distantes quanto isso.
Sabedoria, esta tem-se tornado cada vez mais fácil de assumir, Sou Sabedoria e Ignorância, e sim muito verdade. Tenho muito de ignorante, a maior parte das vezes não faço a menor ( não foi esta a primeira palavra que saiu:) ) ideia do que estou a fazer, do que é melhor para mim e para os outros.
E por fim Sou Paz e Guerra, e isto também é verdade. Faço guerra diária a mim mesma, com o discurso do deita abaixo e aos outros com o discurso de quem é que ele/ela pensa que é para me fazer isto.
A verdade é que esta meditação acabou por se transformar não apenas num momento em que poderia estar a esconder-me das porcarias que faço ( novamente esta não foi a primeira palavra que me ocorreu 😉 ), mas em que senti desconforto, dificuldade em estar presente para aquilo que me estava a aperceber, mas ao mesmo tempo tudo me pareceu mais real, mas honesto pelo menos.
Posso dizer que, pelo menos para mim e não sei se assim é para vocês, meditar resulta melhor quando me estou a sentir desconfortável com o que me estou a aperceber. Sentir Culpa não entra neste jogo, porque agora posso continuar a rodar as contas do japamala e a ponderar as situações em que a Arrogância, a Frieza, a Ignorância e a Guerra me podem ser úteis. Mas isso fica para outras linhas que agora estou a sentir Preguiça.