Muito recentemente presenciei uma amiga a partilhar com pessoas que acabara de conhecer, que era uma pessoa falsa, isto porque por vezes disponibilizava-se a ajudar pessoas quando não tinha qualquer vontade de o fazer, e fazia-o só para que percebessem que ela era uma boa pessoa. A vulnerabilidade na exposição dela, mas principalmente a coragem para se olhar ao espelho enquanto se assumia, foi algo precioso. Naquele momento ela resgatava uma parte dela, assumindo-a sem qualquer pudor, sem qualquer necessidade de justificação ou sentimento de culpa, essas grandes avenidas de vitimização.
Assumirmos a Sombra que somos, isto é, todas as partes fragmentadas que deixamos que fiquem órfãs, rejeitadas, requer vulnerabilidade, coragem e honestidade.
E se o Resgate da nossa Sombra fosse um ritual iniciático em direção à nossa Luz, em direção às qualidades que tanto admiramos nos outros? E se enquanto não assumirmos a nossa Luz também a estivermos a projetar nos outros?
Eu afasto-me da minha Luz quando me desvalorizo e acreditem que o fazemos diariamente nos momentos em que não queremos estar presentes para nós. Para isso usamos ferramentas como a autocrítica – “és sempre a mesma coisa” ou “não consegues fazer nada bem feito” ou “esta não é altura para te sentires cansad@” – que normalmente vem de mão dada com a comparação ao outro, o ciúme, a inveja. Nesse momento afastamo-nos de quem somos, da nossa bondade, do que nos apaixona e de ser útil e de serviço aos outros.
Possivelmente enquanto não assumirmos perante nós o quão Falsos somos não conseguiremos estar presentes para o quão Verdadeiros podemos ser.