O meu movimento natural é de contracção, de ir dentro, de parar. E a forma como este movimento se expressa é muito simples, começa com um sentimento de tristeza, que surge do nada. Sem nenhuma justificação, nem teia de argumentos, é mesmo do nada que surge. E logo de seguida a presença racional vem e apresenta-me uma lista de argumentos, desta situação que aconteceu, de alguém que fez isto, de ti mesma que fizeste aquilo.
Quando tenho muita sorte, vem muito intenso, gutural e nasce num grito fundo interno que muitas vezes se expressa no externo, e há um choro enrolado, um dobrar sobre o próprio estômago e depois uma ressaca de uns dias. Isto se tiver sorte. Se não tiver, posso andar que tempos cabisbaixa a tentar tocar no que me torna assim tristonha.
Aos poucos tem existido um movimento contrário, o de abertura, o de abrir-me a essa experiência, sem rejeição da emoção, e cada vez menos interpretações lógicas e racionais do que origina estes ciclos. E assim a emoção vive-se e eu vou dentro, fundo, repousando em águas quentes.
Tenho a dizer que me toca muito a profundidade de algo criado, que vem sempre de um momento introspectivo, parado, dentro, fundo. E depois olho a expansão da obra feita, exposta, partilhada. Tem assim um toque místico, vulnerável, erótico. Eu não consegui resistir.
# Amor Incondicional #Aceitação